04 MAIO 2018 - O Papa Francisco fez na terça-feira (01) um forte e profundo discurso à equipe do jornal Avvenire, dos bispos italianos, refletindo sobre a comunicação e o comunicador a partir da imagem de São José.

 

Destaco e traduzo aqui alguns trechos. "Somente desligando o barulho do mundo e as nossas próprias fofocas é possível a escuta, que continua sendo a condição primeira de toda comunicação."

"Também na Igreja somos expostos ao impacto e à influência de uma cultura da pressa e da superficialidade: mais do que a experiência, importa o que é imediato, ao alcance das mãos e pode ser logo consumido; mais do que o debate e o aprofundamento, corre-se o risco de se expor à pastoral do aplauso, a um nivelamento do pensamento, a uma desorientação difusa de opiniões que não se encontram."

"... urgência de reencontrar um senso de sadia lentidão, de calma e paciência. (...) tudo tem início a partir da escuta, do transcender a si mesmo para se abrir à palavra e à história do outro."

"Uma Igreja que vive da contemplação do rosto de Cristo não se cansa a reconhecê-lo no rosto do ser humano. E, a partir desse rosto, sabe se deixar interpelar, superando miopias, deformações e discriminações."

"O diálogo vence a suspeita e derrota o medo. O diálogo põe em comum, estabelece relações, desenvolve uma cultura da reciprocidade. A Igreja, enquanto se põe como artífice do diálogo, é purificada e ajudada pelo diálogo na própria compreensão da fé."

"Não se cansem de buscar com humildade a verdade, a partir da frequentação habitual da Boa Notícia do Evangelho. Que essa seja a linha editorial à qual vocês ligam a integridade de vocês."

"Deixem-se interrogar por aquilo que acontece. Escutem, aprofundem, confrontem-se. Fiquem longe dos becos sem saída contra os quais se debatem aqueles que presumem já ter entendido tudo. Contribuam para superar as contraposições estéreis e prejudiciais."

"Encorajo-os a não discriminar; a não considerar ninguém como excedente; a não se contentar com aquilo que todos veem. Que ninguém dite a agenda de vocês, exceto os pobres, os últimos, os sofredores. Não engrossem as fileiras daqueles que correm para contar aquela parte da realidade que já é iluminada pelos refletores do mundo. Partam das periferias, conscientes de que não são o fim, mas o início da cidade."

"Encorajo-os a conservar o espessor do presente; a fugir da informação de fácil consumo, que não compromete; a reconstruir os contextos e explicar as causas; a se aproximar sempre das pessoas com grande respeito; a apostar nos laços que constituem e reforçam a comunidade."

A íntegra, em italiano, está em https://goo.gl/KjBNtJ.

 

Moisés Sbardelotto - Jornalista e Doutor em Ciências da Comunicação.