I - APRESENTAÇÃO

“A evangelização obedece ao mandato missionário de Jesus: ‘Ide, pois, fazei discípulos entre todas as nações, batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-os a observar tudo o que vos tenho ordenado’ (Mt 28, 19-20). Nestes versículos, aparece o momento em que o Ressuscitado envia os seus a pregar o Evangelho em todos os tempos e lugares, para que a fé n’Ele se estenda a todos os cantos da terra” (EG 19).

Com grande esperança, apresento o Plano Diocesano da Ação Evangelizadora 2023–2025, fruto das reflexões da Quinta Assembleia Diocesana (11.11.2023), que reuniu as forças representativas da ação evangelizadora das paróquias para reavaliarem o plano anterior e confrontar as ações dos projetos diocesanos sob a luz das novas reflexões da Igreja no Brasil e do Papa Francisco.

A metodologia da “conversa no espírito”, adotada no processo sinodal, esteve presente na preparação paroquial e nos pequenos grupos de escuta no dia da assembleia. Trata-se da “maneira particular” da Igreja sinodal proceder para discernir a vontade de Deus. É uma metodologia para animar o discernimento comunitário, sem o debate de temas ou discussões teológicas e espirituais. É uma conversa na qual o Espírito Santo fala a todos, e a escuta é ao coração, mas também nos vem da palavra do outro, que implica necessariamente uma certa forma de ouvir e uma certa maneira de falar.

A prioridade diocesana “comunidades eclesiais missionárias com inspiração catecumenal”, tem em vista a ação missionária que cria redes de comunidades, em pequenos grupos, espaços de participação e comunhão, anunciadores da boa nova, promotores da justiça, da misericórdia e da solidariedade. O Documento de Aparecida dá uma atenção especial à renovação das estruturas eclesiais, sobretudo a paróquia. Chega a dizer que “em vista da Missão, deve abandonar as estruturas caducas que não favorecem a transmissão da fé” (DAp 365). O tempo presente exige uma nova configuração de paróquia. Discernir os sinais dos tempos para aplicar os projetos que sejam respostas evangélicas ao moderno jeito de viver.

Toda paróquia é chamada a ser o espaço onde a escuta da Palavra seja a fonte do discipulado missionário. A renovação missionária das paróquias exige criatividade. Necessitamos de novas estruturas pastorais e de formação de leigos e leigas missionários atentos à evangelização e sensíveis aos sofrimentos que afligem a população.

No clima de participação e comunhão em vista da missão, priorizamos quatro projetos: 1) Iniciação à Vida Cristã e Animação Bíblica da Pastoral, 2) Liturgia e Espiritualidade, 3) Serviço da Vida Plena, 4) Estado permanente de missão. Estes projetos necessitam das complementações da realidade paroquial. Neste sentido, convido os membros do CMPP de cada paróquia a rever ou elaborarem o Plano Paroquial da Ação Evangelizadora.

O Papa Francisco, ao nos afirmar que “o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio” (Discurso, Papa Francisco, 17.11.2015), propõe-nos uma nova etapa evangelizadora na Igreja, marcada pela conversão pastoral e missionária. Devido ao avanço da cultura urbana e seus impactos na fé e em sua prática pelos fiéis, o caminho sinodal nos ajuda, por meio do discernimento no Espírito, a ter clareza da situação pastoral em que nos encontramos e, juntos, buscar luzes capazes de responder aos novos desafios da missão evangelizadora.

Com o termo “Igreja em saída”, Papa Francisco não hesita em transformar as estruturas eclesiais que condicionam o dinamismo missionário da Igreja. A “Igreja em saída” é uma Igreja de portas abertas, que tem coragem de acolher a todos como uma grande mãe, capaz de sair para as encruzilhadas das periferias existenciais superando uma pastoral de mera conservação, optando por uma pastoral missionária que tenha clara opção pelos pobres e fragilizados da sociedade, centro da mensagem evangélica de Jesus.

São José dos Pinhais, nosso patrono, acompanhe-nos em nossos projetos para a Ação Evangelizadora. Recordemos o pedido que fazemos ao nosso Santo Padroeiro, no hino a ele dedicado: “São José, a vós nosso amor! Sede nosso bom protetor! aumentai o nosso fervor!”.

 

São José dos Pinhais, 19 de março de 2024.

 

Dom Celso Antônio Marchiori

Bispo da Diocese de São José dos Pinhais

 

II - TEMA

Discípulos de Jesus Cristo em comunidades eclesiais missionárias com inspiração catecumenal.

 

III - LEMA

Perseverantes e bem unidos (At 2, 46):

• no ensinamento dos apóstolos,

• na comunhão fraterna,

• na fração do pão e

• nas orações (At 2, 42).

 

IV - OBJETIVO

EVANGELIZAR numa cultura urbana, pelo anúncio da Palavra de Deus, formando discípulos de Jesus Cristo, em comunidades eclesiais missionárias com inspiração catecumenal, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, cuidando da Casa Comum e testemunhando o Reino de Deus.

 

V - PRIORIDADE DIOCESANA

Comunidades eclesiais missionárias com inspiração catecumenal.

 

VI - PROJETOS E AÇÕES

 

INICIAÇÃO À VIDA CRISTÃ E ANIMAÇÃO BÍBLICA DA PASTORAL

Âmbito diocesano

  • Assumir o caminho da Iniciação à Vida Cristã de inspiração catecumenal em toda a Ação Evangelizadora;
  • Iluminar com a Palavra de Deus toda a Ação Evangelizadora, sendo ela a fonte de estudo, oração, celebração e ação;
  • Promover meios e recursos para o Projeto “Reiniciação”.

Âmbito paroquial

  • Promover na paróquia o encontro com a pessoa de Jesus Cristo, a partir da realidade e necessidades das pessoas;
  • Implantar o ministério dos introdutores para despertar e acompanhar a adesão à pessoa de Jesus Cristo e a sua missão na comunidade;
  • Priorizar e promover a catequese com adultos com inspiração catecumenal;
  • Promover a Leitura Orante da Palavra de Deus e a formação bíblica;
  • Recuperar os encontros dos grupos de reflexão em famílias em torno da oração, da Palavra de Deus e da pertença e corresponsabilidade na vida eclesial;
  • Enriquecer o percurso das catequeses de inspiração catecumenal na dinâmica de seus três momentos: da escuta (da Palavra de Deus), do encontro (com a Pessoa de Jesus Cristo) e do caminho (no Mistério Pascal de Cristo);
  • Iluminar com e pela Palavra de Deus os “encontros de preparação ao matrimônio” e torná-lo um catecumenato matrimonial visto como itinerário indispensável para que jovens e casais adultos revivam a sua consciência cristã amparada pela graça dos dois sacramentos: batismo e matrimônio.

 

LITURGIA E ESPIRITUALIDADE

Âmbito diocesano

  • Criar a Escola de Liturgia na dinâmica mistagógica a partir de um caminho sinodal;
  • Proporcionar formação litúrgica pastoral;
  • Favorecer e motivar os grupos de serviço litúrgico (MACs, Coroinhas, Cerimoniários, Pastoral da Acolhida, Equipes de cantos etc.) a participar da formação litúrgica integral.

Âmbito paroquial

  • Elaborar e concretizar a formação para as equipes de serviço litúrgico;
  • Aprimorar na comunidade paroquial a comunicação pelas redes sociais favorecendo o seu acesso a todas as pessoas;
  • Resgatar a centralidade do domingo como Dia do Senhor;
  • Valorizar a piedade popular iluminada pela Palavra de Deus;
  • Vivenciar os ritos e orações da Igreja;
  • Priorizar nas celebrações o canto litúrgico-pastoral.

 

SERVIÇO DA VIDA PLENA

Âmbito diocesano

  • Implantar e fortalecer as Pastorais Sociais a partir da Doutrina Social da Igreja;
  • Criar o Setor Diocesano da Pastoral Social para pensar, articular e promover ações com as Pastorais Sociais;
  • Proporcionar formação inicial e permanente para os agentes das Pastorais Sociais sobre a Doutrina Social e outros documentos da Igreja, em conjunto com o processo sinodal;
  • Fomentar a solidariedade entre paróquias, partilhando dos recursos humanos e financeiros.

Âmbito paroquial

  • Fortalecer nas comunidades as Pastorais Sociais;
  • Trabalhar em parceria com instituições públicas e privadas;
  • Incentivar a participação dos leigos nos diversos conselhos paritários;
  • Estimular lideranças das comunidades para que tenham acesso e estudem a Doutrina Social da Igreja.

 

ESTADO PERMANENTE DE MISSÃO

Âmbito diocesano

  • Fortalecer o Conselho Missionário Diocesano (COMIDI);
  • Criar a Escola de Formação Missionária para presbíteros, diáconos, religiosos(as) e leigos;
  • Efetivar a participação da diocese no Projeto das Igrejas Irmãs.

Âmbito paroquial

  • Criar e incentivar o Conselho Missionário Paroquial (COMIPA);
  • Mobilizar a comunidade para a Ação Missionária;
  • Implantar e fortalecer a infância, adolescência e juventude missionária;
  • Utilizar os meios de comunicação para a motivação missionária.

 

VII - AÇÕES EM VISTA DA SINODALIDADE

1. Articular a aproximação da diocese (Conselho Diocesano de Pastoral [CDP], Grupo de Reflexão Pastoral [GRP], e Coordenação da Ação Evangelizadora com os Conselhos Missionários Pastorais Paroquiais [CMPPs]);

2. Valorizar e fortalecer os subsetores diocesanos com a presença ativa de leigos, religiosos(as), diáconos e presbíteros;

3. Iniciar as reflexões para a implantação do Conselho de Leigos;

4. Possibilitar a introdução de novos ministérios como forma de servir o povo de Deus;

5. Padronizar o processo de comunicação das orientações diocesanas em todas as paróquias;

6. Rever a prática pastoral em vista de uma pastoral em sinodalidade: comunhão, participação e missão;

7. Promover a formação inicial e permanente dos líderes em todas as dimensões da vida humana;

8. Implantar a Pastoral da Escuta;

9. Promover ações na linha da “cultura do cuidado” para os líderes que atuam na paróquia, oportunizando o cuidado consigo mesmo e com o outro;

10. Incentivar a metodologia da “conversa no espírito” nos encontros e nas formações;

11. Investir no campo da comunicação;

12. Incentivar as comunidades eclesiais missionárias, descentralizando a formação e o processo de Evangelização;

13. Criar, consolidar e fortalecer o CMPP e os CMPCs para dar unidade pastoral paroquial;

14. Amadurecer nas paróquias a reflexão acerca da constituição do Grupo de Reflexão da Ação Evangelizadora Paroquial (GRAEP);

15. Acolher com hospitalidade todas as pessoas de acordo com as suas necessidades;

16. Promover na realidade paroquial a unidade das pastorais e movimentos em comunhão com os projetos da diocese;

17. Orientar e acompanhar as famílias, visando ajudá-las na superação das dificuldades e conflitos, adotando práticas pedagógicas próprias;

18. Compreender que o despertar, o discernimento, o acompanhamento e o cultivo das vocações é tarefa de todas as pastorais e serviços, que deverão incluir este tema em suas ações, em seus textos e subsídios;

19. Ir ao encontro dos jovens, convidá-los e motivar a presença na comunidade;

20. Dar a atenção “as juventudes” já inserida na vida eclesial, através de uma escuta autêntica e uma evangelização que dialogue com as diversas realidades vividas, destacando que os jovens são o presente e não somente o futuro da Igreja.