30 JUNHO 2025
PASTORAL DA ECOLOGIA INTEGRAL
No dia 28 de junho de 2025, a Diocese de São José dos Pinhais realizou, no espaço ABAI em Mandirituba, o Encontro Diocesano da Pastoral da Ecologia Integral com o tema “Cuidar da Casa Comum: um chamado à conversão ecológica integral”. Inspirado na Laudato Si’, o evento reuniu lideranças paroquiais para refletir e se comprometer com o cuidado ambiental. Na abertura, Léo Marcelo Plantes Machado, Diretor do Instituto Dom Ladislau Biernaski, destacou a trajetória diocesana no tema desde 2021, quando foi realizada uma live formativa sobre ecologia integral, e lembrou o desejo de Dom Celso Antônio Marchiori de plantar 15 mil árvores pelos 15 anos da Diocese, comemorados naquele ano. Manifestou o anseio de retomar esse projeto como expressão concreta da conversão ecológica. Lembrou também da participação da Diocese nos encontros regionais da Pastoral da Ecologia Integral e da organização sinodal do evento. Mensagens de Dom Celso e do Pe. Celmo Suchek reafirmaram o compromisso da Igreja com a ecologia como parte essencial de sua missão evangelizadora. A manhã foi concluída com um momento de espiritualidade conduzido pelo seminarista Lucas Sandeski, integrando oração, louvor e responsabilidade com a criação.
A abertura se concluiu com um momento de espiritualidade conduzido pelo seminarista Lucas Sandeski, que guiou os presentes em uma oração inspirada no Cântico das Criaturas de São Francisco de Assis, na leitura orante da Palavra de Deus e em preces que evocaram o cuidado, o louvor e a responsabilidade para com a criação divina.
“ECOLOGIA INTEGRAL NA LAUDATO SI’: FUNDAMENTOS, DIMENSÕES E APELOS.
A primeira palestra do dia foi ministrada pelo Pe. Lourival Santos da Silva, assessor diocesano das Pastorais Sociais, que conduziu uma reflexão profunda sobre os fundamentos, dimensões e apelos da Ecologia Integral, à luz da Laudato Si’. Destacou que a crise ecológica está intimamente ligada à crise social e humana, exigindo uma resposta integrada em todas as esferas. Apresentou as principais dimensões da Ecologia Integral — ambiental, humana, social, cultural, espiritual e cotidiana — e ressaltou que a conversão ecológica começa no coração, exigindo mudança de mentalidade e hábitos. Defendeu a espiritualidade ecológica como caminho de equilíbrio e missão, e convidou os participantes a viverem a fé de forma consciente e comprometida com a justiça, a educação ambiental e a superação do consumismo.
CONVERSÃO ECOLÓGICA E PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS NAS COMUNIDADES PAROQUIAIS
O Pe. Elves Allano Perrony, assessor diocesano das Equipes de Campanhas, refletiu sobre a conversão ecológica como um processo interior que precisa se manifestar em mudanças comunitárias concretas. Inspirado pela Laudato Si’ e pela Campanha da Fraternidade 2025, alertou contra a lógica extrativista e o paradigma tecnocrático, propondo uma lógica do cuidado com a criação. Apresentou quatro pilares para a missão ecológica nas paróquias: espiritualidade litúrgica, educação ambiental, gestão paroquial sustentável e solidariedade socioambiental. Encerrou chamando à superação do individualismo, à promoção da sobriedade como estilo de vida e à vivência da fraternidade universal, à luz da espiritualidade de São Francisco de Assis.
RODAS DE CONVERSAS EM GRUPOS
Na parte da manhã, os participantes se dividiram em cinco grupos temáticos conduzidos por Ines Fátima Polidoro e Raquel Saidock, com o objetivo de refletir e propor compromissos práticos a partir da Ecologia Integral. Cada grupo recebeu um nome simbólico: Conscientização, Espiritualidade, Reflexão, Partilha e Compromisso, representando dimensões complementares do caminho de conversão ecológica. As discussões foram orientadas por duas perguntas centrais: os principais problemas que revelam a desconexão entre humanidade e natureza, e as ações concretas que podem ser adotadas para promover uma ecologia integral nas comunidades.
COMO IMPLANTAR A PASTORAL DA ECOLOGIA INTEGRAL NAS PARÓQUIAS.
Na abertura das atividades da tarde, o seminarista Lucas Sandeski apresentou os caminhos para a implantação da Pastoral da Ecologia Integral nas paróquias, destacando sua inserção no conjunto das pastorais sociais e seu papel na missão sócio-transformadora da Igreja. Enfatizou que a espiritualidade ecológica deve ser o eixo central da pastoral, unindo fé, cuidado e compromisso com a justiça socioambiental. Entre os passos práticos, apontou a formação de equipes locais, o estudo dos documentos do magistério, a elaboração de diagnósticos ambientais, o planejamento de ações sustentáveis e a integração com outras pastorais e movimentos sociais. Concluiu afirmando que evangelizar também é cuidar da criação, e que essa pastoral deve ser um canal de diálogo entre fé e território, com especial protagonismo da juventude.
VIVÊNCIA NOS ESPAÇOS DA ABAI
Na parte da tarde, os participantes foram divididos em três grupos para vivências formativas que articularam espiritualidade, ecologia e ação concreta. O primeiro grupo visitou a Casa da Semente, refletindo sobre biodiversidade, soberania alimentar e o cuidado como gesto profético. O segundo conheceu a proposta educativa e agroecológica da ABAI, voltada à formação de crianças e adolescentes no cuidado com a Casa Comum. O terceiro grupo foi acolhido pela comunidade terapêutica, vivenciando partilha, escuta e espiritualidade com pessoas em processo de superação das dependências. As experiências reforçaram que a ecologia integral vai além da preservação ambiental, envolvendo dignidade humana, saúde, educação e reconciliação com a criação.
APRESENTAÇÃO DOS GRUPOS
Durante a apresentação dos trabalhos em grupo, os participantes evidenciaram a diversidade e profundidade das reflexões vividas ao longo do dia. Os cinco grupos abordaram temas centrais da ecologia integral, como os impactos do descarte incorreto de resíduos, a perda da biodiversidade, a desigualdade social, o consumismo e a omissão das políticas públicas. As propostas concretas apresentadas incluíram a criação e fortalecimento da Pastoral da Ecologia Integral nas paróquias, ações educativas contínuas, campanhas de coleta seletiva e de óleo usado, incentivo às hortas comunitárias e à compostagem, redução do uso de descartáveis, inserção do tema ecológico na liturgia e nas redes sociais, além da catequese com crianças como espaço privilegiado de transformação. Todas as partilhas revelaram um desejo comum: cuidar da Casa Comum a partir de gestos simples, organizados e cheios de fé, assumidos desde a própria casa até a comunidade eclesial.
ROMARIA DA TERRA: CELEBRAÇÃO, DENÚNCIA E COMPROMISSO COM A CASA COMUM
Durante o encontro, foram apresentadas as ações da Romaria da Terra 2025, que acontecerá em 17 de agosto na ABAI, em Mandirituba, em sintonia com os 50 anos da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Inspirada pela Campanha da Fraternidade, a Romaria será um ritual de fé e resistência, unindo anúncio da criação e denúncia das agressões ao meio ambiente. A programação incluirá vivências, celebrações, partilha de alimentos e uma espiral de mudas e sementes, como sinais de solidariedade e compromisso com a agroecologia. A Romaria reafirma seu papel como espaço de consciência, comunhão e mobilização em defesa da Casa Comum.
O encontro foi concluído com um envio missionário simbólico, no qual cada participante escolheu sementes e mudas, representando o compromisso pessoal e comunitário de cultivar uma nova relação com a Casa Comum, enraizada no cuidado, na esperança e na conversão ecológica.
DEPOIMENTOS DE PARTICIPANTES
Dantas, poeta
Para Dantas, Ecologia Integral é sinônimo de equilíbrio e interdependência entre todos os elementos da criação. Ele define essa concepção como a harmonia entre seres humanos, animais, plantas, água e todo o universo natural, onde cada componente exerce um papel essencial na sustentação da vida. “Tudo está interligado. Quando um elemento se desequilibra, todo o sistema sofre”, explica. Em sua fala, Dantas ilustra com exemplos do cotidiano ecológico: ao eliminar as aranhas, aumentam as moscas — e com elas, as doenças. Se os ratos desaparecem, os gatos perdem sua fonte de alimento e passam a atacar os pássaros, interferindo no controle natural de insetos. A destruição das gramíneas afeta diretamente a alimentação dos herbívoros. E a poluição das águas mata os peixes, rompendo a cadeia alimentar de diversos outros animais. Para ele, a natureza funciona como uma “grande rede de relações equilibradas”, e a Ecologia Integral exige justamente esse olhar abrangente e cuidadoso. “É o cuidado com o todo. É integração, é interdependência e responsabilidade com tudo o que existe”, conclui.
Fátima Natalina Bof
Para Fátima, o encontro foi um chamado à conversão do olhar e do coração. Ao refletir sobre os conteúdos apresentados e as experiências vividas na ABAI, ela percebeu que fé e cuidado com a criação não são dimensões separadas, mas profundamente unidas. “A fé não se vive apenas dentro da igreja, mas também no modo como a gente trata a natureza, como se relaciona com os outros seres vivos e com os bens da criação. Cuidar do mundo é também uma forma de louvar o Criador”, afirma. Ela destaca que o encontro a ajudou a enxergar que a espiritualidade precisa estar encarnada, e que pequenos gestos cotidianos — como separar o lixo, plantar uma árvore ou reduzir o uso de descartáveis — podem ser expressões concretas da fé cristã. “A ecologia integral é um modo de viver o Evangelho com responsabilidade e amor ao próximo”, conclui.
Ines Fatima Polidoro
Para Ines, quem ainda não despertou para a Ecologia Integral está perdendo mais do que um tema — está deixando de viver uma missão. Segundo ela, a proposta não é apenas ambiental, mas espiritual e existencial. “Quem não se abre à ecologia integral está perdendo a oportunidade de se enriquecer, de se unir ao cuidado com a Casa Comum e de pensar seriamente numa vida futura. Porque sem ecologia, não há futuro possível”, afirma com convicção. Ela destaca que a fé cristã nos compromete com a criação. “Se acreditamos que tudo isso é dom de Deus, deixado a nós pelo Criador, então precisamos assumir a missão de sermos cuidadores da criação. É o nosso dever como Igreja e como humanidade.”
Setor de Comunicação - Diocese de São José dos Pinhais/PR